domingo, 27 de dezembro de 2009

Tarde Demais


Todos nós que gostamos de uma boa distorção conhecemos o movimento grunge dos EUA. Dele vieram figurinhas como o sem-noção Kurt Cobain, o garganta-de-aço Chris Cornell e o politicamente-correto Eddie Vedder. Em outras palavras Nirvana, Soundgarden e Pearl Jam, respectivamente. Mas tão comum como ouvirmos ainda hoje essas bandas é esquecer de tantas outras que fizeram do grunge um dos movimentos musicais mais importantes do século XX. Sempre que escrevo ou falo sobre isso, me vem à cabeça o Screaming Trees, que compôs álbuns indispensáveis como Dust e Sweet Oblivion. Na minha singela opinião, o Screaming Trees é uma banda injustiçada. Seu pecado talvez tenha sido não aceitar rótulos ou serem sóbrios demais para não quebrar o palco inteiro ao final dos shows. A conclusão é que, além da música de qualidade, não existiam motivos para vender mais ingressos ou CDs – sim, naquela época ainda se vendia a bolachinha reluzente. Isso é uma grande ironia, pois estamos falando de uma banda que era altamente criativa e fazia um som digno de ficar na eternidade. E como se não bastasse, o Screaming Trees tinha um grande frontman chamado Mark Lanegan. O cara era dono de um vozeirão de fazer inveja a qualquer pretendente a rock star. Era competente de verdade e negou gritos desafinados que o próprio Kurt Cobain fazia questão de não evitar. Ele tinha tudo para se tornar um ícone do rock. Tinha. A verdade é que o mundo do rock é muitas vezes injusto, pois a imagem, o rótulo pode conquistar mais fãs do que o próprio talento. Mais a frente, Lanegan deu contribuições importantes no Queens Of The Stone Age, mas ficou à sombra de Josh Homme. Hoje, a voz do Screaming Trees tem um projeto com Isobel Campbell, ex-vocalista do Belle & Sebastian. É um trabalho muito honesto, que flerta com o country e foge definitivamente do mundo das guitarras distorcidas. Mais um ponto a favor de Lanegan, que mostra a sua versatilidade. Talvez assim ele consiga algum sucesso ou nem mesmo queira mais isso, dizendo, com um tom de apatia, “veio tarde demais”. Esse post é a minha pequena contribuição. E que a justiça seja feita.

Dust e Sweet Oblivion
Screaming Trees

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