domingo, 7 de junho de 2009

Roque

Sim. Eu tenho um certo preconceito com o rock escrito com “q-u-e” e isso está claro, não dá pra esconder. Que me perdoem os nacionalistas de plantão. Sei lá, mas o roque brasileiro – estranho escrever assim – sempre me pareceu com uma pitada muito forte de pop, no sentido maligno da palavra mesmo. Mas como a vingança é um prato que se come frio, eis que um dia me encontro em pleno aeroporto ouvindo o Acústico Barão Vermelho da MTV. Talvez fosse preciso mesmo algumas horas num lugar tão estéril como o aeroporto para que eu prestasse atenção em uma banda que até então nunca havia me dito nada. Daí surgiu em meus ouvidos a obra marcada pela voz forte de Frejat, misturando o suingue tupiniquim à batida do blues, tudo entrecortado pelas letras de rimas imprevisíveis de Cazuza. E por falar nele, vale registrar a belíssima versão da música “O Poeta Está Vivo”. Meus reconhecimentos a Maurício Barros, sócio-fundador da banda, que com a sua linha de piano certeira deu à música um toque ainda mais malicioso à letra afiada por natureza. A partir de “O Poeta Ainda Está Vivo”, resolvi jogar fora minha armadura e continuar a viagem por um mundo que até hoje é obscuro para os meus sentidos negativamente influenciados. A verdade é que de um CD acústico surgiu toda a malandragem carioca que o Barão Vermelho carrega consigo. Coincidência da vida ou não, eu estava a caminho da cidade do Redentor. Tudo bem, admito que senti falta de solos virtuosos de guitarras e de uma distorção “na medida”. No entanto e entretanto, o CD é um registro valioso do roque nacional e suas qualidades. Repleto de sacanagem juvenil e da política incorreta que só encontramos no Brasil. Não sei não, mas o fato é que em terra de Fresno e de NX Zero, quem tem um Barão Vermelho é rei.