Porque as pessoas gostam de viver do passado? Fico pensando o que fazem os críticos de música ao compararem o Guns N’ Roses de 1987 com o de 2008. São 21 anos de diferença! É no mínimo burrice. Isso porque estamos falando de dois mundos completamente diferentes. Um deles, marcado pela volta do rock às paradas de sucesso, além da grande força das gravadoras no show business. Outro, depois de várias gerações do Ipod, onde as gravadoras já não são tão fortes assim, os grandes nomes já nem estão no mercado do entretenimento e a música pode ser baixada em um simples computador em qualquer lugar do mundo. É aí que surge o maior desafio: como vender música quando se pode tê-las de graça. O novo CD do Guns N’ Roses (esse mesmo que você já sabe o nome) é um ótimo exemplo de tudo que está nas linhas acima. Depois de um longo tempo de hiato, Axl Rose volta para dizer que ainda está vivo e que é capaz sim de lançar um material realmente novo. Diferentemente do AC/DC com “Black Ice”, não parece que Mr. Rose está preocupado em sentar na fama e fazer o mesmo de sempre. A prova disso são as músicas do novo CD. Elas são repletas de camadas instrumentais vigorosas, sendo responsáveis por uma massa sonora viva e resplandecente. A energia do novo trabalho do Guns N’ Roses também é algo diferente, contrastando com os vários lançamentos de bandas que adoram mergulhar em uma atmosfera insossa e sem “algo a mais”. E é exatamente esse “algo a mais” e a coragem de Axl Rose de negar o mundo de 1987 que colocam o novo CD do Guns N’ Roses onde ele deve ficar: sofisticado, completamente disforme, que já nasceu com seus méritos. Mas para aqueles que gostam da mesmice de sempre, que vivem do passado, aí vai uma boa notícia: a voz de Axl continua a mesma. Versátil, marcante e distorcida. Aliás, o retrato perfeito dos tempos que vivemos hoje, caso você não tenha notado ainda. Então seja bem-vindo à Democracia Chinesa.
Chinese Democracy
Guns N’ Roses
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