De fala mansa e olhar vazio, assim é Rogério Skylab, um carioca que fez do desconexo o seu nexo, a sua identidade como artista. Exageros aparte, dá para entendê-lo como um ícone – sem nenhum tipo de alegoria nessa definição – que coloca em xeque toda a estética da música dita “de qualidade”. Isso porque a música de Rogério Skylab funciona como o meio pelo qual é exposto todo o vazio que preenche o nosso dia-a-dia, deixando em carne viva o fato de que somos seres presos à ditadura da mídia convencional. É nessa mistura de questionamentos em que encontramos ainda uma grande banda que, mesmo diante do caos proposto por Skylab, desfila arranjos arrojados e capazes de agradar aos ouvidos mais exigentes. Para os sensacionalistas ou puritanos de plantão, a música desse artista – embora ele não goste de ser chamado assim – pode muito bem ser vista como pura loucura. No entanto, levando-se em conta de que a loucura é algo subjetivo, o que temos é uma arte provocativa, que, independente de qualquer juízo de valor, não passa despercebida. E o ponto é que isso fica ainda mais evidente quando elevamos a questão à função do que a arte tem para nós, seres humanos. E sob essa ótica, seja ele positivo ou negativo, o que é concreto mesmo é a reação perante uma ação. Isso é arte da mais pura natureza, livre de qualquer preconceito. Colocando-se de lado o discurso viciado das Universidades, Skylab nos desafia a mostrar que a música pode e deve ser um meio de contestação do que se diz belo e bem construído. E o pior – ou melhor, como prefiram – é que a sua obra se encaixa perfeitamente no caos do século XXI. Façamos, então, um brinde ao niilismo nietzschiano que do nada se dá sentido a tudo.
Rogério Skylab
Baixe as músicas: http://www.rogerioskylab.com.br/