terça-feira, 7 de julho de 2009

O Senhor Iggy Pop

É na melhor idade que o homem encontra a sua maturidade. Essa afirmação, que para alguns soa como piegas, Iggy Pop levou ao extremo no seu lançamento, Préliminaires. Antes de tudo vale um aviso: para ouvi-lo, primeiro esqueça o mundo que Pop construiu ao seu redor. Autoflagelação em pleno palco, apelos sexuais, exageros e muita, muita distorção. Em Préliminaires, ficamos diante de uma nova atmosfera, obscura e jazzística, mergulhada nas profundezas da voz grave de Iggy Pop. Por mais irônico que possa parecer, quando o ícone do rock resolveu abandonar as guitarras distorcidas, nasceu a sua obra mais sombria e coesa. Isso porque Préliminaires está carregada de temas que povoam o lado mais negro da humanidade, como morte, cinismo e hipocrisia. As pinceladas mais fortes desses temas ficam por conta da música I Want to Go to the Beach, onde temos: You can convince the world / that you’re a superstar / when an asshole is what you are / but It’s all right. Temos ainda a música King of the Dogs, que figuraria perfeitamente em qualquer um dos filmes surreais de Tim Burton, além da versão afiadíssima de “Insensatez” (How Insensitive) de Tom Jobim. O fato é que no alto de seus 62 anos, Iggy Pop se mostra um artista versátil, renovado e, principalmente, mais maduro. Pieguices a parte? A idade tem dessas coisas.

Préliminaires
Iggy Pop